quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Políticas da Língua no Brasil


Políticas da Língua no Brasil
O Ensino da Língua Materna

Histórico – Características
No mês de maio de 2011, levantou-se, no Brasil, uma intensa polêmica sobre o ensino da Língua  Portuguesa.
Estava em questão se a Língua deveria ser ensinada na Norma  Linguística Popular ou Norma Culta. A polêmica foi motivada pela publicação e distribuição, pelo MEC, do Livro: “Por uma vida melhor”
Aí era considerada como correta, a Norma Popular. Não deveriam ser corrigidas frases do seguinte padrão: “Os livro são bom”.
Como são às centenas as Normas Populares, Regionais e Sócio- Culturais, estaria instaurado o caos total na Educação.  Teríamos de atender a cada Norma, pois não há uma Norma Popular Padrão. Isto é uma insanidade, mascarada de “igualdade” (?!)
Agitou-se a Televisão, o Rádio e os Jornais, contra tal  insanidade discriminatória.
Este é o histórico, que aqui denuncio, refuto e começo a desmascarar.

Com os ensaios, aqui publicados, entro em campo, para advertir o país da realidade mais ampla e mais preocupante:
Alguns autores, mais oportunistas, amadoristas e populistas, já há alguns anos, vêm produzindo trabalhos de cunho didático, onde defendem o Padrão das Normas Populares ou informais, com o desprestígio da Norma Culta. São os Arautos do Caos! Os dilapidadores da Educação no Brasil.
São os que vivem da miséria do povo; os cultivadores da miséria, que querem preservar, e nunca erradicar.
Poderiam armar uma campanha pela preservação da miséria e da fome nas “periferias” e nos grotões dos sertões. A miséria e a fome são miséria e fome de alimentos, de habitação e de cultura. São traidores e exploradores da ignorância do povo, por falta de oportunidades educacionais, que eles  querem lhe negar, dizendo o contrário.
Esses livros amadoristas, embora os autores se apresentem  como “linguistas”, são adotados em Cursos de Letras e até no Ensino Básico com aprovação do MEC. Vêm engando muita gente e criando o caos no ensino da Língua Materna.
Não entendem ou não sabem que há uma diferença fundamental entre os objetivos da Linguística e os objetivos do Ensino das Línguas Naturais. Parece que fizeram curso de linguística de fim de semana, sem necessidade de estudar ou  de algo provar. Em nossos dias isto não é mais novidade. Só não vê quem não quer. O pior cego é o que não quer ver.
Ter diploma e ser “linguista” são coisas muito diferentes... Só não sei como a cátedra universitária os recebeu. Podem não ter sólidos conhecimentos, mas têm empáfia de sobra. A arrogância os satisfaz...
Questões de linguística não são para iniciantes apressados.
Aqui provo que certas pessoas assumem posições discriminatórias, contra  o povo menos instruídos, negando-lhe o padrão culto e universal de sua língua materna, num posicionamento inaceitável e obtuso.

Indiretamente foco, genericamente, obras do senhor M. Bagno, e outros de idêntica linha de pensamento, que considero lamentáveis e deletérias, como provarei em outros estudos específicos. Aguarde.
Bagno é um demolidor inconsequente. Espero que minhas posições  gerem longa polêmica para expor à nação a armação que se arquiteta: uma clara conspiração contra a Unidade Linguística do Brasil.
 Resta saber a quem servem e beneficiam tais maluquices e a quem perturbam e prejudicam. Peço desculpas pela aridez de certas  expressões, que aqui emprego, mas a realidade é mais cruel ainda. Um grande patrimônio vai sendo dilapidado impunemente.
A polêmica do livro “Por uma Vida Melhor” precisa voltar, com toda a força. Há questões muito mais sérias a considerar e a rebater.

sábado, 2 de julho de 2011

Discriminação Linguística - Uma Polêmica


Discriminação Linguística, uma polêmica instigante

ENSINO DA LÍNGUA MATERNA E PROMOÇÃO HUMANA
CONTRASTES E CONFRONTOS

José JPeralta
PRÓLOGO

I
O ENSINO DA LÍNGUA NUM MUNDO GLOBALIZADO

            1. Espero, com o presente opúsculo, TUMULTO DA DISCRIMINAÇÃO LINGUÍSTICA, dar o meu contributo positivo à polêmica oportuna, ainda em pauta, sobre o ensino da Língua Portuguesa, contra os que propõem tal ensino com base na Norma Popular. Advogamos o uso incondicional  da Norma Culta Padrão.
Escrevo porque a isso foi instado por amigos, pelo fato de ter sido professor de sociolinguística na USP, por muitos anos, em salas sempre superlotadas de alunos interessados, neste conhecimento tão instigante e atraente.

2. A nossa língua pátria, como muitos outros patrimônios de nosso país, está sujeito a questionamentos, como tudo o que é humano. Acontece também em outros países. Quer seja razoável quer não, é sempre um ponto a considerar e a reforçar, sem omissão, destacando as diretrizes que podem  levar ao cultivo e a preservação da Língua, como um bem maior de toda a sociedade, em escala nacional e mundial.
O assunto aqui é a polêmica nacional sobre a questão da “Discriminação Linguística” e o ensino da Gramática Normativa. Considero  uma dicotomia impertinente, insustentável e abusiva a oposição da Gramática ao ensino da Língua.
Penso que o país não tem tempo a perder, com um assunto tão sem sentido, em má hora levantado, por mentes preconceituosas, e que não pode ficar sem resposta... Não pode prosperar. Envolve poucos, mas, sorrateiramente, pode envolver e enganar a muitos, por tocar em pontos sensíveis ao leitor atento.
Neste ensaio coloco-me em polo oposto, aos que se propõem como novos mentores do Ensino de Língua Portuguesa, e querem desprezar séculos de estudos linguísticos, filológicos e gramaticais.

3. Alguns estão tentando solapar as raízes da nossa Língua Materna, a Língua Portuguesa, apelando ao desleixo, ao descuido, à falta de modos, a esculhambação, ao vale tudo.
A Norma Linguística que usamos precisa ser adequada a cada momento. Diria que quem propõem o desarranjo e o uso esculhambado da Língua está por fora das Normas que regem as sociedades. Talvez seja um contestador gratuito.
As pessoas dignas não podem compactuar com o desleixo da sua língua, ou com a falta  de decoro linguístico.

Está em pauta o princípio que defendemos, de que o não ensino da Norma Culta é sonegação de direitos, por grave preconceito. Contestemos os que falam e propõem o contrário, numa atitude de grave agressão à unidade linguística do Brasil.
Propomos a superação de toda a discriminação linguística e contestamos os que, ardilosamente, invertem os conceitos, propondo o preconceito como libertação. É disto que aqui tratamos.

4. Um dos livros mais preconceituosos e com mais sofismas que já vi foi esse amontoado de tolices populistas, nada científico, que é a “Língua de Eulália”. Mas, enfim, propõe-se como novela (?!) Ou quer ser Cavalo de Tróia?!
Não há nesse livro nada de novo a não ser o ranço e os claros ressentimentos e complexos que marcam o fio condutor da Novela doutrinária. Entre algumas páginas vai destilando seus rancores e preconceitos persecutórios.
Este livro ficará na história como um livro pernicioso e pernóstico, em relação à Língua Portuguesa.
Entretanto, não posso deixar de reconhecer que tem alguns pontos muito bons e interessantes. Poderia ser saneado, penso eu.
 (Voltarei a este tema)
Neste ensaio, procuramos colocar cada conceito no seu lugar, desmistificando-os, e derrubando sofismas. Até porque certas pessoas, que se  dizem “linguistas”, como se isso os tornasse intocáveis e sábios, o que querem é provar o improvável: que a Língua que se fala, no Brasil, não é a Língua Portuguesa. Querem que isso seja decretado oficialmente! Isto é algo de idiota, que está na contramão do que se faz no mundo. É conversa fiada de aventureiro sem rumo certo. Falaremos disto mais tarde.

II
LÍNGUA COMO PATRIMÔNIO E OS SOFISTAS

5. Efetivamente, a Língua Portuguesa é um dos legados mais extraordinários que Portugal deu ao Brasil e aos brasileiros.
Lembro que a Língua Portuguesa é muito mais bonita e versátil do que o espanhol e do que o inglês, como diz Fernando Pessoa, Miguel de Cervantes e Miguel Unamuno, e tantos outros. Provei isto em outro estudo, na Polêmica GlobiLíngua.
Li alhures que a Língua Portuguesa é um patrimônio tão rico e especial que deveria ser declarado no Imposto de Renda, entre os tesouros pessoais, não tributáveis, e nos inventários das pessoas.

Este é um texto de opinião, com base científica.
[Para Ler mais, Clique].

6. Refletimos, em termos sistêmicos, sobre as Políticas da Língua Materna, num mundo sem fronteiras.
Consideramos que a Escola tem por missão formar o aluno como cidadão de seu país total e do mundo da Língua Portuguesa.
Quem falou isto ou aquilo pouco me importa (1). Cito alguns outros posicionamentos, como contraponto, para expor a linha de conceitos que bem sei, por experiência, que funcionam, com uma visão política do mundo, que vai muito além da minha rua, muito além de onde alcança o nosso olhar.
Falo do que conheço, com o aval de estudos científicos acurados e longa experiência, em planejamentos estratégicos e na formação de quadros profissionais.
Devo dizer, com toda a ênfase e segurança, que a Língua Portuguesa que falamos, em nível de Norma Culta, e em outras Normas, é uma Língua muito viva e não uma Língua fossilizada, como declara despudoradamente um dos “mentores” de certas bobagens, tidas como genialidades, pelos novos sofistas, os SETARCOS, que são o avesso de SÓCRATES.
Sócrates tinha como o avesso os Sofistas que o odiavam. Sofisma é o que não falta, nas novas doutrinas, tidas como “sociolinguísticas”, mas que de sociolinguística têm muito pouco.

7. Defendo um ensino de Língua Materna, eficiente e responsável, para a formação de cidadãos, para um mundo complexo, e não para confiná-los na periferia das culturas.
Defendo a promoção humana, através  de uma educação de qualidade, para todos, sem discriminação  e sem preconceitos, começando pela seriedade no ensino da Língua Materna, tendo como padrão a Norma Culta, em que todos se reúnem, e que todos ouvimos diariamente, pelos meios de comunicação.
Defendo a Unidade Linguística do Brasil, que tem, na Língua Portuguesa, uma alavanca poderosa, para consolidar o país, como uma liderança sólida, num mundo globalizado.
A Língua Portuguesa é a Língua do Brasil, como é de Portugal, de Angola, de Moçambique,  de Cabo Verde, da Guiné Bissau, de São Tomé e de Timor Leste.
É uma Língua que todos compartilhamos, com o uso pleno sem restrições e sem vassalagem. É a Língua comum a 260 milhões de Lusofalantes, de muitos países, espalhados pelos quatro cantos do mundo.
Na Língua comum, somos solidários, com todos os povos lusófonos. Nossa Pátria comum é a Língua Portuguesa, a nossa segunda pátria vital, que nos faz universais.
Nossa Pátria Comum: um povo sem fronteiras, com uma língua sem fronteiras.
____________
(1)  Como contraponto do que aqui critico e proponho está principalmente alguns trabalhos de M. Bagno, em especial: “A Língua de Eulália” e “Preconceito Linguístico

8. Contesto alguns filólogos auto-classificados como linguistas, que, com argumentos preconceituosos contra o país, contra a língua Portuguesa e contra a Norma Padrão, propõem, sem pejo, basear o ensino na Língua na perspectiva das Normas Populares, que já consideraram com novas línguas (?!). Tentam, artificialmente, por uma lógica perversa, tendenciosa e descomprometida com o País, dividir o Brasil em sede de diversas línguas a Norte, Nordeste, Centro, Sul, Sudeste e Oeste, pela lógica do que afirmam. Só esquecem que isto é inviável e impossível. É uma monstruosidade lógica, política, linguística, sociológica e econômica. Sem chance, para os aloprados!
Resta saber a que interesses estão vinculadas essas pessoas, para subverter a ordem nacional, com sofismas primários. Naquilo que temos mais  nosso, que é a nossa Língua.

Um dos autores que por isso peleja, gosta de dar exemplos  da Itália. Por que não dizer essas coisas estúpidas aos italianos? Lá tínhamos efetivamente muitos países e muitas línguas. Com a unificação, foi imposta uma única língua nacional, a Língua da Toscana (?!). A Língua da Divina Comédia, de Dante.
Aqui é diferente: querem dividir linguisticamente, um país monolíngue (??!), para enfraquecer a Unidade Nacional. Se isto não for ingênua tentativa  de subversão da ordem, não sei o que é subverter.
Eu amo a Itália. É bela. Mas amo mais a minha língua e o meu país. Ambos têm belezas incríveis.

III
LUCIDEZ CONTRA O PRECONCEITO

9. Há um grupo de neomentores do ensino da Língua Portuguesa, assumindo atitudes, no mínimo, contestáveis. Dizem que ensinar a Norma Culta, em lugar de respeitar as Normas Populares, é preconceito linguístico. A dicotomia  é inadequada.  Não tem sustentação dos fatos.
Em decorrência disto, satanizam a Gramática Normativa, e consideram-na como inimiga do aprendizado da Língua Materna e como disseminadora do preconceito. Contestam até a Norma Culta
Considero que satanizar o que quer que seja é perder 75% de possíveis razões. Até porque têm algumas razões.
Tais “especialistas” insistem em afirmar que as falas das Normas Populares não devem ser corrigidas, frente à Norma Culta. Para eles, dizer “os livro e os caderno” não deve ser considerado errado. Na escola, corrigir seria preconceito, para esses “especialistas” (?!).
Considero este posicionamento como populista e inadequado à missão regular da Escola.
Tais “especialistas”, para se arvorarem de “libertários” e “amigos” (?!) do povo, fabricam preconceitos, como bonecos de palha para lhes atirarem pedras.
Mas isto não é novidade. É atitude costumeira em certas ideologias malucas e oportunistas, que tudo fazem para conseguir  notoriedade e vender ideias deletérias,  algumas já “podres” como foi dito nesta polêmica.

10. Todos sabemos que o aluno vai à escola porque quer aprender, porque quer progredir e superar as suas carências.
Aprender supõe uma ação de tentativa e erro/acerto. Se erra precisa ser corrigido para acertar em seguida. Preconceito brutal seria não corrigir. Éh! Talvez seja necessário saber o conceito de corrigir. Corrigir não é  ofender; não humilha; Enleva. O aluno quer se corrigido. Não corrigir é enganar.
Subjaz a ideia  de preservar a pobreza, inclusive a pobreza cultural, em vez de erradicá-la. Isto é falsa ideologia. É ludibriar a nação.
Queremos erradicar as favelas e não favelizar a nossa Língua, nem a Educação.
Aqui não há erro em si. O enfoque da escola é a Norma Culta. Se é a Norma Culta, é erro o que  não é aceitável em seu contexto.
Mas alguns acham que a palavra “erro” ofende. Que estupidez! O que ofende é não corrigir o que precisa ser corrigido, para ensinar, não para  humilhar. Precisamos abandonar certos psicologismos vazios.
Propõem então uma atividade dúbia e frouxa, onde vale tudo.

Alguns contestam a praxe de ensino, quando é adotada, como base padrão, a Norma Culta. Pugnam por uma escola de facilidades, sem exigir o esforço próprio no ato educativo. Por outro lado, o aluno quer progredir e não estacionar. Não quer ser engando. Precisa aprender o que precisa saber, para a vida.
Adotar a Norma Padrão não significa que devamos estigmatizar as Normas Populares, que são naturalmente restritas e restritivas socialmente. Marcam a Identidade local e a diversidade, na Unidade Nacional.

Pugnamos por uma escola séria, ativa e estimulante do trabalho e do cultivo das competências de cada um, sem complacências com a preguiça e o desânimo. Uma escola que forma pessoas empreendedoras e não pessoas fracas, acomodadas ou frouxas.
Há muitas atitudes a corrigir em nossa educação, mas sem  cometer erros piores do que os  que aí estão.

11. Afirmamos que, embora devamos respeitar as variações da Língua, nos falantes das Normas Populares e no discurso informal, respeitando a dinâmica da Língua, a escola deve ter um compromisso inquestionável e sem titubeios, com a Norma Culta. Isto é: a Norma Culta pode coexistir com as Normas Populares, e Informais. Mantê-las ou não, é opção do aluno.
Reiteramos, sem rodeios nem dúvidas, que o aluno e a sociedade tem direito ao ensino-aprendizado da Norma Culta, na escola, e que é dever da Escola/Estado, proporcionar o aprendizado da Norma Culta da Língua Portuguesa a todos os alunos, em todos os níveis do ensino. Apenas devemos decidir, em termos psicológicos e didáticos, o quê e como ensinar, adequando o conteúdo e a didática ao nível do aluno.

12. Confrontando-nos com certos discursos em voga, declaramos, enfaticamente, que é inaceitável afirmar que o ensino da Norma Culta, às classes populares, é preconceito linguístico.
O ensino de Língua Materna não deve ser um campo minado e ameaçador, manipulado por ativistas, a serviço de interesses escusos, de que podem ser conscientes ou não.
Proclamamos que preconceito linguístico e discriminação sócio-cultural é não ensinar a Norma Culta às Classes Populares.
Aprender a Norma Culta é um direito inalienável de todo o cidadão e ensiná-la é um dever inquestionável da Escola/Estado.
Em todo o mundo civilizado, há, regularmente, um sistema linguístico, com diversas normas. Nas escolas é ensinada, a Norma Padrão, a Norma Culta, à qual todos têm direito e é objeto de desejo de todos o povo.

IV
O MUNDO DA LÍNGUA PORTUGUESA

13. A Escola, hoje, prepara o aluno, ao ensinar-lhe a Norma Padrão, para ser um cidadão de uma língua. Precisa preparar o aluno para compreender e ser plenamente compreendido quando ouve, fala, escreve ou lê, entre todo o Universo de falantes  do seu país de 190 milhões de falantes. Isto o faz um cidadão pleno de seu país total. Mas aprender a Norma Culta  Padrão o faz também cidadão de todos os países, onde se fala a Língua Portuguesa; cidadão de um Universo de 260 milhões de falantes, onde ele pode se comunicar, sem a barreira  da Língua.

Nossa língua é um eficaz passaporte nacional e  internacional. Somos  a terceira língua mais falada  do Ocidente.
A Escola forma um cidadão apto a transitar por todo o seu país e por todo o mundo, habilitado a comunicar verbalmente, e a ler livros, jornais e revistas, publicados nesse universo de 260 milhões de falantes..
A forma de ensinar, nas diversas etapas da vida, é questão didática estratégica. Não podemos fazer o aluno estrangeiro na própria língua. Isto seria discriminação e preconceito imperdoáveis e inaceitáveis.
Mudar?! Sim, mas para onde? Para melhor ou para pior?
Há mudanças que são retrocessos. É disso que alguns cuidam. A quem interessa o retrocesso?! Só alguns míopes, de visão restritiva e preconceituosa poderiam cogitar propor algo que resulte em retrocesso, na contramão do desenvolvimento e da Unidade Nacional..

14. Este ensaio surgiu em função da polêmica nacional provocada por uma página de um livro distribuído pelo MEC.
Aqui aplaudo a oportunidade da polêmica. No entanto, mostro que esse livro do MEC é apenas algo  como a ponta emersa  de um iceberg.
O grande e oportuno impacto negativo, provocado por um pequeno espaço em um livro, seria muito mais  intenso se a sociedade e a imprensa tivesse acesso a livros didáticos inteiros, baseados nos mesmos princípios deletérios, estimuladores do grande fracasso da educação nacional. São princípios baseados num liberalismo educacional improdutivo e numa inadequada e superada visão restritiva e acanhada da sociedade brasileira, frente a  um país globalizado e sem fronteiras.
Há algo muito mais grave que a imprensa não detectou. Assim, vale o dito árabe: “Enquanto a sociedade combate as “formigas”, ou os “cães” que latem, as caravanas passam, tranquilas, com os produtos muito mais destrutivos”.
Os que aqui chamei de “neomentores”, combatem o ensino da gramática Normativa  e a Norma Culta. É isto que aqui  consideramos atitude irresponsável e discriminatória.
Chegam a tais exageros que mais parecem discurso de estrangeiro intrometendo-se em questão que conhecem  superficialmente.

15. Devo esclarecer que pouco me importa como alguns professores “linguistas”, vêm essa questão, que, para mim, é essencial, no processo ensino/aprendizagem. Cada um, individualmente, pense como quiser. Temos liberdade de pensar. O que não podemos é  prejudicar o nosso povo e toda a  Nação, com um ensino capenga, de cunho populista, advogando facilidades, com real prejuízo de todos.
O que precisa perturbar o país  é  a ineficiência dos professores, na sala de aula, quando abdicam de sua missão, de ensinar, e quando implantam na escola uma vontade frouxa de aprender ou um desinteresse estrutural que faz a escola improdutiva, condenando os alunos a eterna periferia cultural. Isto é resultante de um preconceito canhestro e abominável.
Neste sentido interessa-me sim,  como um professor universitário vê essa questão, e como se manipula ou conturba o saber dos estudantes, futuros professores e reprodutores dos mesmos (pre)conceitos, a partir do Curso de Letras.

16. Diante deste contra-censo, não há como se omitir. Precisamos verificar  se o professor  está cumprindo a sua missão na escola, na sociedade. Isto é atribuição a que o Estado não pode fugir, por omissão ou por complacência.
Professor que não sabe ensinar não é professor. É necessário tomar atitude para fazer respeitar os direitos dos alunos e da sociedade a um ensino digno  e adequado.
Infelizmente, a Faculdade não ensina ética profissional, e o compromisso feito no ato de Colação de Grau não passa (?!) de mais uma formalidade vazia, em muitos casos...
Alguns falam muito, apressados em mudar tudo, de qualquer modo e a qualquer preço. Isto é atitude de adolescente, qualquer que seja a idade.
Quem tem apenas uma cultura livresca, como os libertários de gabinete, terão muito tempo para aprender. Talvez mudem de ideia. Problema é se antes disso fizeram grandes e irremediáveis estragos à educação das pessoas.
Quem fala do que sabe e do que tem experiência tem outro discurso, efetivamente construtivo e, talvez, inovador. A sociedade deve lastimar as pessoas imaturas e mal formadas, em Faculdades apenas de fachada, que não atinam o mal que fazem na escola. Alguém deveria responder por este desconcerto!
O MEC parece estar mais preocupado em estatísticas, do que na qualidade das instituições.   É pena esta falta de perspectivas.

V
PRESENÇA DA NORMA PADRÃO

17. É na Língua, pela Norma Culta, que todos nos entendemos e nos relacionamos, ou diretamente, ou através dos meios de  comunicação social com os quais convivemos 24 horas por dia: rádio, televisão, telefone, internet, cinema, jornais, revistas, livros, etc, etc. Os livros didáticos estão escritos na Norma Padrão. A Norma Culta envolve a todos, todos os dias.
Ninguém poderá dizer que os alunos não conhecem a Norma Culta, se ela está presente, permanentemente, em sua vida
A Norma Culta faz parte da vida de todos os cidadãos da Língua Portuguesa, independentemente da Norma que falam, informalmente.
É na Norma Culta que ouvimos o sermão do padre ou do pastor ou o discurso dos políticos, em suas campanhas. A Norma Culta é também a Norma de Prestígio Universal, sem discriminação...
Em todas as empresas, grandes, médias ou pequenas o que funciona é a Norma Culta. Não há opção. É questão de produtividade na comunicação.
Diante da nossa Língua, somos todos iguais desde que a Escola a tenha ensinado, em seus recursos mais elaborados. A língua é como um programa de computador: quanto melhor conhecemos os seus recursos, melhor seu desempenho.

18. Por outro lado, no Brasil, todas  as Normas Populares ou Regionais ou informais, como também a Norma Padrão, são perfeitamente entendidas por todos os falantes, sem exceção. Todas as Normas são variantes de uma mesma Língua. A Norma Culta tem a vantagem de ser mais  elaborada e Universal, a Norma da língua escrita oficial, numa ortografia única.

Certíssimos estão todos os jornalistas, os editores de jornais, revistas e os comunicadores de rádio, televisão, ao se manifestarem contra a tentativa absurda e impatriótica  de tentar dividir  a Língua Portuguesa, a partir de Normas Populares, que eles opõem a Norma Culta.
Eles sabem quanto valor representa. O fato de poderem falar, numa mesma língua para um contingente de 190 milhões de falantes no Brasil, ou 260 milhões, nos demais falantes  de Língua Portuguesa, sem precisarem de um tradutor...
A Unidade Linguística do Brasil é um valor incalculável que interessa a todos.

19. Efetivamente, em nosso imenso território brasileiro, temos uma só Língua, universal, em que todos nos entendemos, nos encontramos, nos relacionamos e convivemos, como nossa identidade própria.
Temos muitas Normas Regionais ou Socioculturais mas uma só Língua. As Normas Regionais são chamadas variantes linguísticas.
O Brasil desconhece o plurilinguísmo que alguns querem implantar.  No Brasil, a Língua é um dos fatores chave da Unidade Nacional.
Mesmo na tribos indígenas, o número dos que não falam a Língua Portuguesa é muito restrito, não tendo expressão na estatísticas geral.

20. Este é o enfoque deste ensaio, que espero seja esclarecedor, prestando algum serviço a quantos buscam esclarecimentos sobre esta questão que é da mais alta relevância cultural e política.

É irretocável a afirmação de Darcy Ribeiro ao afirmar:

Os brasileiros são, hoje, um dos povos mais homogêneos,
linguística e culturalmente
e também um dos mais integrados socialmente da Terra.
Falam uma mesma língua, sem dialetos”.

Este é um texto do livro emblemático de Darcy Ribeiro: “O Povo Brasileiro”.  Faz parte do último capítulo.
Se as pessoas, cujos posicionamentos insustentáveis aqui analisamos, lessem alguns capítulos deste livro, certamente não teriam atitudes tão preconceituosas e frágeis, julgando-se, no entanto,  aptos a restaurar, a dividir a língua do Brasil,  enfraquecendo-a, num ato de lesa-pátria. Este  é um atrevimento que só um país tolerante permite sem reagir.

VI
UNIDADE LINGUÍSTICA DO BRASIL

21. Para quem conhece o Brasil, de Norte a Sul e de Leste a Oeste, é efetivamente admirável a Unidade Linguística do País. Comunicamo-nos todos os 190 milhões de cidadãos brasileiros, sem barreiras linguísticas. Mas parece que esta situação privilegiada, não interessa a muitos, sabe-se lá por quê! Há algum interesse secreto para assumirem tal posição, tão sem sentido e sem base?
Certamente são interesses estranhos, contra o Brasil, sorrateiros mas incontestáveis. São atitudes de apátridas. Há gente que subverte o país por alguma notoriedade, como fez Heróstrato, com o Templo de Diana e a Biblioteca em Éfeso.

O Brasil é também uma potência linguística, ao compartilhar sua língua com 260 milhões de habitantes, que a faz a terceira língua  mais falada no Ocidente.
Pouco importa o que algum apressado diga. A Unidade Linguística do Brasil é uma verdade incontestável e amplamente verificável. Temos uma unidade ao nível de sistema e uma rica diversidade, ao (no) nível das Normas.
Nossa língua é uma só, compartilhada com todos os povos e comunidades lusófonas, espalhadas pelos quatro cantos do mundo. Somos, ao todo, 260 milhões de falantes da Língua de Camões.
Uma das maiores vantagens que o Brasil leva, em relação às demais nações em desenvolvimento, é a sua incontestável  unidade linguística. Não precisa ser  especialista para comprovar esta realidade, experimentalmente.
A Unidade Linguística do Brasil é um estupendo valor socioeconômico, que ninguém pode desconhecer, a não ser que seja alienado da realidade.

22. Há pessoas que querem ser notadas, a qualquer preço. Usam princípios com que todos concordam, para obter o resultado que querem, semeando discórdia. Prometem extinguir  o preconceito e a discriminação e o resultado de sua ação leva a resultado contrário: Cultivam o preconceito
Diante desta situação, a questão do Ensino de Língua Portuguesa, nas Escolas do Brasil e também em outros países, pela insegurança que alguns provocam, deve deixar preocupados  todos os cidadãos  conscientes do país. Alguém  está querendo bulir com aquilo que temos  de mais importante, em nossa vivência diária, que é a Língua Materna.
Precisamos reagir, buscando esclarecer-nos, sem preconceito e sem  nos deixarmos impressionar com afirmações dúbias e vazias. Prometem extinguir o preconceito que cultivam.
Nossa Língua, uma das três mais faladas no Ocidente, merece a nossa dedicação e o nosso carinho.

23. Devemos salientar que a Língua Portuguesa é uma Língua  privilegiada, de grande  beleza, sonoridade e harmonia.
Miguel de Cervantes, o maior escritor da Língua Espanhola disse:
A Língua Portuguesa é a mais bela Língua do Mundo”. Cervantes sabia o que dizia, pois viveu muitos anos em Lisboa e lá casou e teve filhos.
Aqui, neste ensaio, o leitor vai encontrar uma discussão  leal destas questões.
Aqui consideramos a nossa língua, em suas dimensões nacionais e internacionais, dentro de uma política do idioma, que está  atenta mundialmente.
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Nota1: Para quem quiser aprofundar as perspectivas educacionais, aqui desenvolvidas ou abordadas, sugiro ler o “Relatório” Jacques Delors, ou Edgar Morin: “Os Sete Saberes Necessários para a Educação do Futuro”.
Nota2: As obras que servem de paradigma, que este texto contesta parcialmente são, a “Língua de Eulália” e “Preconceito Linguístico”. Preparo um ensaio específico abordando os pontos mais problemáticos destes dois livros, citados acima.

São Paulo, 10 de Junho de 2011

[Texto em construção e sem revisão]